A imagem da intolerância, da alienação, do poder intelectual, ou da falta dele, já foi essa:
Hoje, a imagem seria mais próxima disso:
Imagens de dois
contextos completamente distintos. No primeiro, livros proibidos são queimados
e bestas festejam no entorno de uma enorme fogueira. No segundo: mensagem de acesso
negado, conteúdo virtual bloqueado.
Diferentes
contextos de proibição!
No meio acadêmico, nós, estudantes de Pós-Graduação, pesquisadores e cientistas financiados pelo Estado (seja por meio de bolsas de pesquisa ou por meio de ensino gratuito e, é preciso dizer, de qualidade), produzimos conhecimento: como dissertações e teses. Desde a Portaria n°13 de 2006, a Capes obriga que os Programas de Pós-Graduação divulguem em página própria ou NO DOMÍNIO PÚBLICO, as dissertações e teses de seus discentes. Que maravilha, que belíssima iniciativa: divulgar o conhecimento! Permitir o livre acesso! Se o conhecimento não é feito em torres de marfins, por que raios ele deveria se esconder lá? Não há inquisições, não há associações repressoras nem mecanismos de censura (
Mas nem tudo são flores...
Alguns
pós-graduandos defendem suas pesquisas em “memoráveis” bancas e ... PUBLICAM seus trabalhos. Transformam
sua dissertação ou sua tese em livro. Concordo que sejam publicados, divulgados...
Bravo²! São textos autorais (o que é autoria?), escrito pelos
pesquisadores, não são? Pois bem, que publiquem.
(Fonte da imagem)
Há
poucos meses, Dr. X se recusou a
divulgar sua tese de doutorado, defendida antes da portaria n°13 de 2006. “Não posso disponibilizar a você, a tese está
em processo de edição para ser publicada em livro, não quero futuros problemas
de plágios!” Para além dos óbvios motivos que alimentam a vaidade dos
professores, doutores, intelectuais brasileiros, o que a fala do Dr. X indica? Uma tese, que é fruto de
um doutoramento financiado pelo ESTADO BRASILEIRO,
pago com os meus, com os seus impostos, pode ser de direito de divulgação EXCLUSIVO do autor? - Pode! Há uma data na determinação da
CAPES (2006), mas por quê? E antes disso? Por que eu – pós-graduanda, pesquisadora
financiada pelo Estado – devo disponibilizar meu trabalho, e o Dr. X pode guardá-lo, vendê-lo? Estranha
equação! Esse trabalho não deveria estar digitalizado, não deveria ser de livre
acesso, tal como os trabalhos posteriores a 2006? E o mais importante, o
pesquisador não deveria facilitar o acesso? A política de divulgação dos
trabalhos de pós-graduação não deveria estar introjetada nas mentalidades
acadêmicas?
Há
poucos meses, Dr. X se recusou a
divulgar sua tese de doutorado, defendida antes da portaria n°13 de 2006. “Não posso disponibilizar a você, a tese está
em processo de edição para ser publicada em livro, não quero futuros problemas
de plágios!” Para além dos óbvios motivos que alimentam a vaidade dos
professores, doutores, intelectuais brasileiros, o que a fala do Dr. X indica? Uma tese, que é fruto de
um doutoramento financiado pelo ESTADO BRASILEIRO,
pago com os meus, com os seus impostos, pode ser de direito de divulgação EXCLUSIVO do autor? - Pode! Há uma data na determinação da
CAPES (2006), mas por quê? E antes disso? Por que eu – pós-graduanda, pesquisadora
financiada pelo Estado – devo disponibilizar meu trabalho, e o Dr. X pode guardá-lo, vendê-lo? Estranha
equação! Esse trabalho não deveria estar digitalizado, não deveria ser de livre
acesso, tal como os trabalhos posteriores a 2006? E o mais importante, o
pesquisador não deveria facilitar o acesso? A política de divulgação dos
trabalhos de pós-graduação não deveria estar introjetada nas mentalidades
acadêmicas?
Ora,
seria preciso explicar ao Dr. X que a
mídia eletrônica não equivale e não concorre com o papel. Se eu gosto de seu
trabalho, Dr. X, estando ele no meu
pendrive ou no DOMÍNIO PÚBLICO, certamente irei adorar a oportunidade de
comprá-lo quando for publicado em livro, não é? Mas caro Dr. X, frente sua vaidade intelectual, talvez eu prefira mesmo buscar
outros textos para ler, baixar, comprar, digerir, regurgitar. Antropofagia sim,
plágio não! Mal próprio da autoria (leia-se o seu
maior “bem”), hão de existir dezenas de outros trabalhos semelhantes, canibalizáveis...
Dr. X, o que não “roda”, não é
conhecido, não é conhecimento. (Esse sim, um Mal).

Menos
vaidade, mais conhecimento e liberdade. #FreeLivrosdeHumanas
E
para quem tem medo de assombração: - Buuuuuuh!!!

Aos autores do blog, parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirGostei muito da publicação. Boa sorte nessa caminhada.
Fran, bjs