A Folha de São Paulo (27/11/2012) divulgou
em sua coluna “equilíbrio e saúde” uma novidade (não tão nova) do ramo da
beleza: um 'CHIP' FASHION! Trata-se
de um implante de um tubo de silicone com comprimento de um palito de fósforo e
com 1 milímetro de diâmetro, contendo uma mistura hormonal que pode variar, mas
que, em geral, contém gestrinona e elcometrina, hormônios à base de
progesterona. O implante é realizado nas nádegas e leva à redução de apetite,
ao bloqueio da menstruação, à redução de cólicas e enxaquecas, entre outros
benefícios. O implante, explica a FOLHA, já é largamente utilizado entre
modelos no Brasil e no mundo, mas ainda não
é aprovado pelas entidades médicas e continua tendo sua comercialização proibida.
Tops models ou cobaias, efeitos colaterais ou benefícios? A mulher deve ser dona de seu
corpo, essa foi a principal motivação das revolucionárias pílulas
anticoncepcionais. Mas já não é de hoje que essa visão idílica da liberdade do
corpo da mulher mudou (posto que algumas coisas não mudaram). A sociedade quer
uma mulher que seja dona de seu corpo, e que, de preferência, tenha um belo
corpo. Ela deve ser magra, alta, elegante, recatada, bronzeada, usar adereços
incômodos e maquiagens, pintar as unhas, fazer depilação com cera, fazer
alisamento no cabelo, se submeter a tratamentos estéticos invasivos e
arriscados... a lista é longa e vem se expandindo inclusive no mercado voltado
ao público masculino. A inteligência, o trabalho, as habilidades desenvolvidas
ou o caráter parecem ser opcionais da mulher que, com ou sem pílulas
anticoncepcionais, continua sendo tratada como objeto, oprimida pela sociedade
e por ela mesma.
A vírgula do título é opcional, mas, numa ciência feita sobretudo por homens, e que é fruto da demanda de uma sociedade machista, ao fim e ao cabo, tanto faz. A ciência que aborda as mulheres como objeto de pesquisa acaba, grande parte das vezes, por tratá-las como mulheres-objeto. Se a sociedade reproduz valores sexistas, a ciência produz, a toque de caixa, pesquisas sobre mulheres para mulheres-objeto.
A equação é fácil: a sociedade demanda, a ciência produz, as agências de modelos financiam o implante e a mídia, intempestiva, divulga: os implantes variam de R$ 700 a R$ 3.000.
Valeriam quanto numa sociedade menos sexista?
A vírgula do título é opcional, mas, numa ciência feita sobretudo por homens, e que é fruto da demanda de uma sociedade machista, ao fim e ao cabo, tanto faz. A ciência que aborda as mulheres como objeto de pesquisa acaba, grande parte das vezes, por tratá-las como mulheres-objeto. Se a sociedade reproduz valores sexistas, a ciência produz, a toque de caixa, pesquisas sobre mulheres para mulheres-objeto.
A equação é fácil: a sociedade demanda, a ciência produz, as agências de modelos financiam o implante e a mídia, intempestiva, divulga: os implantes variam de R$ 700 a R$ 3.000.
Valeriam quanto numa sociedade menos sexista?