Sustentabilidade, the new order!
Sacolas retornáveis, agricultura sustentável, papel reciclado, plástico biodegradável, coleta seletiva de resíduos, pecuária em harmonia com o meio ambiente... Desenvolvimento sustentável! Todos os dias somos bombardeados por sustentabilidades.
O
termo sustentabilidade começou a ser utilizado com maior frequência depois da United
Nations Conference on the Human Environment – UNCHE, em 1972. Uma variação do
termo – desenvolvimento sustentável – também foi discutida no Relatório
Brundtland, em 1987. No Brasil, a onda pegou mesmo depois Conferência sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, realizada no Rio de
Janeiro. Foi quando as pesquisas brasileiras na área de Biologia, Ecologia, Engenharia,
Ciências Políticas, História, Administração, e mais uma infinidade de ciências,
passaram a se preocupar com o tema.
Eis
um diagrama explicativo muito útil quando não se quer falar muito para não
correr o risco de “falar demais”:
Pouco mais de 30 anos de idade, e de lá pra cá a sustentabilidade sofreu um boom, virou uma coqueluche midiática, empresarial, política. Hoje, a “coisa toda” está tão moda que é repetida à exaustão. Querem formar novas gerações dentro dessa matriz de pensamento, futuras gerações sustentáveis das quais nós já fazemos parte. Repetir, repetir, repetir, até perder o sentido. A estratégia é essa? Diversas empresas têm explorado recursos naturais sob a “alcunha” da sustentabilidade. A construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, por exemplo, realizada pelo consórcio Santo Antônio Energia (em sociedade com a Eletrobrás-Furnas, com a Caixa, com a Odebrecht, com a Andrade Gutierrez, com a Cemig e com o Governo de Minas) na capital do estado de Rondônia, tem causado transtornos a inúmeros beradeiros (ribeirinhos) que tiveram que deixar suas casas sob a ameaçada do “banzeiro” (movimento das águas). São famílias e mais famílias que se deslocam para as já insustentáveis cidades, carentes de infraestrutura e serviços básicos. Pescadores relatam, incessantemente, a gritante e preocupante diminuição do pescado no Rio Madeira, em Rondônia. O complexo histórico “Estrada de Ferro Madeira Mamoré - EFMM”, que vinha sendo recuperado para as comemorações de 100 anos da cidade de Porto Velho, ameaça não suportar o aumento da “maré de má sorte” do Rio Madeira. O problema é tão evidente e eminente que o Iphan de Rondônia pretende solicitar um relatório técnico sobre os impactos citados ao Consórcio Sto. Antônio Energia. Bem, isso para nos limitarmos a alguns dos problemas mais conhecidos... Repetições observadas em Itaipu, em Santo Antônio, em Jirau e, provavelmente, em Belo Monte.
Como fica o meio-ambiente, o social, o tolerável, o justo? É, fica cada vez mais difícil sustentar o discurso da sustentabilidade. E do diagrama acima, parece que resta a visão de “economia viável”, e nada mais. Eco-ingenuidade? Ora, as empresas respondem às necessidades do mercado, buscavam novos investimentos, novas fontes de fornecimento de energia. São nossas demandas, da nossa sociedade. Mas o que nós, pesquisadores, cientistas, intelectuais, temos feito do conceito “sustentabilidade”? Se esse e os demais “eco-conceitos” servem para classificar a ação das empresas – como o “prêmio” de pior empresa com atuação social e ambiental da Vale no Fórum Econômico Mundial de Davos, 2012 – tanto melhor. Mas, se os eco-conceitos servem para mascarar a realidade, para amenizar impactos sociais, para convencer a opinião pública, para solicitar isenção de impostos ou para permitir novas formas de exploração ditas “limpas”, podemos optar pela recusa desse desserviço. E mais, podemos e devemos discutir o que vem sendo feito sob a proteção do título “desenvolvimento sustentável”. Afinal, até quando criaremos eco-conceitos para sustentar a flexibilidade moral do que chamamos de desenvolvimento?
Vinte anos depois da Eco-92 e passadas poucas semanas da mal digerida aprovação do Novo Código Florestal (coincidência?), o que esperar da Rio+20??? Como levá-la a sério? Como avaliá-la?
Desenvolvimento sustentável para quem?

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